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Escola de psicanálise: princípios e prática clínica

Conheça princípios e caminhos para uma escola de psicanálise que articula teoria e ética clínica. Leia, aprofunde sua prática e participe da formação — saiba mais.

Escola de psicanálise: construir uma prática clínica ética e reflexiva

Como psicanalista e professor, tenho dedicado grande parte da minha trajetória a pensar o que significa criar e sustentar uma escola de psicanálise que seja, ao mesmo tempo, fiel a tradições clínicas sólidas e capaz de responder às demandas da contemporaneidade. Essa formulação não é um enunciado abstrato; é um gesto que implica escolhas epistemológicas, éticas e institucionais, e que se mostra, na prática, através de decisões cotidianas sobre ensino, atendimento e pesquisa.

Gestos fundadores de uma escola de psicanálise

Uma escola nasce quando um conjunto de práticas, leituras e intervenções clínicas começa a se reconhecer como parte de uma tradição compartilhada — com diretrizes pedagógicas, critérios de supervisão e repertórios técnicos. Em meu trabalho, sempre procurei que esses gestos fundadores não fossem apenas guardiões de um cânone, mas espaços de elaboração crítica: leitura cuidadosa da obra dos fundadores, acoplada a reflexões sobre as transformações sociais que moldam o sofrimento psíquico. Na base desse empreendimento, a transmissão exige uma ética de responsabilidade que toca o paciente, o estudante e o investigador.

Na prática clínica, encontro o lugar privilegiado para testar e refinar hipóteses teóricas. É ali que descobrimos que uma técnica é viva ou que se tornou mera liturgia. Por isso, a formação que proponho combina seminários teóricos com horas de supervisão e análise didática — uma articulação que, se bem feita, evita a dissociação entre teoria e clínica.

Tradição e inovação: tensão fecunda

A tensão entre tradição e inovação é uma das experiências mais desafiadoras para quem dirige processos formativos. Não se trata de escolher entre fidelidade e ruptura, mas de reconhecer que a fidelidade que tem sentido é aquela que se renova frente às incógnitas contemporâneas. Em minha prática docente, estimulo o aluno a ocupar uma posição interpretativa que seja ao mesmo tempo respeitosa em relação ao legado e sensível às singularidades históricas, sociais e tecnológicas que atravessam cada caso.

As demandas da modernidade clínica e os dispositivos institucionais

A expressão modernidade clínica diz respeito a um conjunto de sinais: a velocidade das mudanças sociais, a precarização das relações, a medicalização crescente de sofrimentos e a circulação massiva de discursos sobre saúde mental. Esses fatores alteram as paisagens do sintoma e impõem novas competências aos analistas. Não posso dissociar a minha reflexão sobre ensino e ética clínica das realidades que os pacientes trazem, muitas vezes marcadas por perdas identitárias, ansiedade difusa e formas inéditas de angústia.

Para responder a essas demandas, uma escola precisa de dispositivos institucionais que sustentem práticas de escuta alongadas e supervisionadas. Isso inclui critérios claros para a supervisão, protocolos para atendimentos de longa duração e programas de atualização continuada. Além disso, é preciso articular espaços de pesquisa que capturem, empiricamente, como as transformações sociais repercutem na sessão clínica. Minhas linhas de trabalho e pesquisa estão descritas de forma mais detalhada em meu programa de pesquisa, onde sistematizo estudos sobre clínica contemporânea e práticas formativas.

Supervisão como dispositivo ético

A supervisão não é apenas uma transferência de técnicas; é um dispositivo ético que permite ao analista em formação calibrar suas respostas diante do enigma do sujeito. Em supervisão, discutimos não só interpretações, mas também limites, contratransferências e implicações institucionais das intervenções. Essa dimensão ética ganha contornos mais agudos quando enfrentamos casos que envolvem vulnerabilidades sociais ou risco. É preciso que a escola ofereça suporte técnico e emocional para que os analistas não cedam a soluções imediatas e medicalizantes.

Parte dessa responsabilidade institucional envolve também a transparência sobre critérios de admissão e progressão. Uma política clara reduz arbitrariedades e permite ao estudante antecipar expectativas. Informações sobre cursos, seminários e supervisão estão disponíveis nas nossas páginas de cursos, onde descrevemos a estrutura curricular e os requisitos práticos.

Ética do desejo e a formação do analista

Uma das noções que procuro integrar à prática e ao ensino é a ética do desejo. Não se trata de um imperativo moral abstrato, mas de reconhecer que o cuidado psicanalítico implica respeito à singularidade do desejo do sujeito — às suas resistências, fantasias e formas de gozo. Integrar a ética do desejo é também uma forma de resistir a práticas coercitivas que pretendem normalizar condutas por meio de instrumentos institucionais ou terapêuticos padronizados.

Ao inserir essa perspectiva em seminários e supervisões, trabalho para que os analistas desenvolvam uma sensibilidade ética que não confunda neutralidade com indiferença. A neutralidade técnica tem a ver com manter um espaço onde o sujeito possa elaborar; a ética do desejo orienta a postura do analista para que ele não instrumentalize o desejo do paciente em prol de metas externas, sejam elas administrativas, familiares ou de mercado. Essa posição exige uma formação que articule teoria, clínica e reflexão ética.

Formação e experiência: caminhos entrelaçados

Em contextos de formação, busco articular três tempos: a aquisição de repertório teórico, a vivência clínica e a reflexão crítica supervisionada. A cada etapa há exigências específicas. O repertório teórico oferece mapas interpretativos; a vivência clínica testa esses mapas e produz variantes; a reflexão supervisionada transforma erros e acertos em saber compartilhável. Essa espiral formativa é o que torna possível a transmissão responsável e a inovação fundamentada.

Na prática, isso implica criar rotinas de ensino que alternem leituras dirigidas, casos clínicos em grupo e pesquisa empírica. Para quem se interessa por aprofundar-se nesse aspecto, minhas publicações reúnem textos que combinam relatos clínicos (anonimizados e reconstruídos) e análise teórica, buscando oferecer material para discussão e estudo.

A clínica diante das incertezas: técnica e humildade

A técnica psicanalítica nunca deve ser confundida com uma fórmula que promete resolver problemas. Na clínica, a eficácia está muito ligada à atitude do analista: capacidade de tolerar incerteza, escuta atenta, abstinência reflexiva e abertura ao deslocamento interpretativo que o paciente produz. Essas qualidades não se ensinam apenas por instrução; desenvolvem-se através de experiência acompanhada, leitura e prática constante.

Quando falo em técnica, refiro-me a uma gama de procedimentos que vão desde a gestão do enquadre até a escolha momentânea da intervenção. Cada decisão técnica carrega uma carga ética, pois impacta a direção do trabalho subjetivo. Por isso insisto que a formação deve oferecer experiências clínicas progressivas, supervisões regulares e espaços para a narrativa e a escrita clínica — mecanismos que tornam o aprendizado mais público e, portanto, passível de crítica e refinamento.

Pesquisa e clínica: vínculos necessários

Uma escola de psicanálise sólida não pode prescindir da pesquisa. Pesquisar não é apenas validar teorias; é abrir a clínica a materiais que alteram nossas hipóteses e permitem reorientações. Projetos de investigação que observam trajetórias clínicas, que sistematizam protocolos terapêuticos ou que interpelam categorias diagnósticas ampliam o horizonte disciplinar. Em minha experiência, a pesquisa funciona como uma lente que revela dimensões antes invisíveis no parlamento clínico e como um contraponto que evita o enclausuramento dogmático.

Tenho encontrado, nas parcerias de pesquisa com colegas e instituições, uma forma de historiar a própria clínica contemporânea: quais são as demandas que emergem? Como mudam os tópicos sintomáticos? Essas indagações alimentam o currículo e mantêm a escola atenta à realidade social mais ampla.

Ensinar a escuta: práticas pedagógicas e pedagogo do cuidado

Ensinar escuta exige mais do que transmitir conceitos: exige criar situações pedagógicas que tornem o estudante disponível para o outro. Em sala, proponho exercícios que trabalham a atenção sustentada, a anotação clínica e a capacidade de construir hipóteses sem apressar juízos. Fora dela, o trabalho em supervisão e a experiência de dedicar tempo de análise pessoal são centrais para a formação de uma escuta ética.

Formar analistas é também formar pequenos institutos de trabalho cooperativo: grupos de estudo, sessões clínicas compartilhadas e encontros interdisciplinares que conectem psicanálise a psiquiatria, serviço social e educação. Essa abertura relacional reduz o isolamento e amplia a compreensão dos fenômenos clínicos.

A dimensão política da transmissão

Transmitir uma tradição clínica tem efeitos políticos: decide quem tem acesso ao saber, quais conhecimentos são valorizados e quais práticas permanecem marginais. Por isso, tenho procurado implementar políticas de inclusão e bolsas, além de diversificar os materiais de leitura para incluir vozes que historicamente foram silenciadas. A responsabilidade política de uma escola se mostra também nas escolhas curriculares e nas formas de inserção comunitária.

Relação com outras disciplinas e interdisciplinaridade

A clínica contemporânea exige diálogo com outras áreas do conhecimento. A interação com campos como neurociências, estudos culturais e filosofia contribui para uma compreensão mais completa do sujeito. Mas o diálogo só é fecundo quando cada campo mantém sua especificidade e quando o analista resiste à tentação de reduzir o sofrimento subjetivo a meras correlações neurobiológicas. Manter essa tensão é tarefa formativa e intelectual.

Minha experiência em espaços interdisciplinares mostra que encontros bem conduzidos enriquecem tanto a técnica quanto a reflexão ética. Eles também ampliam as possibilidades de intervenção em contextos institucionais — hospitais, escolas e serviços comunitários — onde a psicanálise pode oferecer contribuições singulares.

Institucionalidade e continuidade: cuidar do futuro

Construir uma escola não é apenas formar profissionais; é criar condições para que o trabalho perdure. Isso passa por gestão transparente, planejamento financeiro, formação de docentes qualificados e manutenção de espaços de supervisão. A longevidade institucional depende de uma cultura de crítica interna e capacidade de adaptação frente a transformações externas.

Para quem me procura com interesse em colaborar ou estudar, há informação prática sobre atividades, eventos e contatos na seção sobre e, quando for necessário, no contato da instituição. Esses espaços são também pontos de encontro para quem pretende integrar projetos de ensino e pesquisa.

Palavras finais: a escola como laboratório ético

Quando penso na escola de psicanálise que desejo nutrir, a imagem que me vem à mente é a de um laboratório ético: um lugar onde se testa não apenas hipóteses clínicas, mas modos de ser profissional que respeitem o desejo e a singularidade do outro. A formação é um processo prolongado de refinamento que exige disciplina intelectual, abertura emocional e compromisso com a integridade. A prática orientada pela ética do desejo e a atenção às exigências da modernidade clínica configuram-se, para mim, como norteadores indispensáveis.

Minha trajetória compreende a escrita, o ensino e a clínica, atividades que se alimentam reciprocamente. As publicações e cursos que mantenho visam justamente oferecer material para quem busca uma prática que não abdique da profundidade teórica nem da responsabilidade ética. Para aprofundar-se, convido a consultar minhas publicações e a considerar participação nos encontros e cursos descritos em nossas páginas.

Ao finalizar essa reflexão, mantenho a convicção de que uma escola de psicanálise é sempre um projeto em construção: requer coragem para revisar pressupostos, generosidade para compartilhar saberes e disciplina para sustentar práticas que promovam o cuidado. É este conjunto de desafios — técnico, ético e institucional — que torna a experiência formativa singular e imprescindível para quem deseja atuar com responsabilidade no campo da saúde mental.

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